
Menção Honrosa (Poesia) no Prémio Literário Afonso Duarte - 2004
(Temas Originais, Coimbra, 2010)

(e-book, Arcos Online, 2006)
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Três Poemas
Jorge de Montemor
Nasce o poema,
a palavra,
a sementeira do verbo,
da música.
Lo deseo,
eres la palabra
susurrada
de todos los ríos.
Tal vez
la palabra amor.
Talvez
a palavra dor.
Talvez.
Afonso Duarte
Escuto os teus poemas
e sente-se no sangue,
que flui em teus versos,
a voz do teu povo.
O que se ama
porque dele brotámos.
E a palavra mãe.
A palavra filha.
A telha vã.
O aroma da terra
de rosas florindo
e as mãos levando
seus espinhos.
E a palavra como enxada,
sulcando a página,
fecundando cada verso
com os gestos.
Escuto
em teus poemas
o rumor do Mondego.
Repara como dorme em tuas mãos.
Castelo de Monte-Mayor
Acordai,
pedras,
que vos chamo.
Dizei-me
dos segredos e sonhos
das mãos que vos ergueram.
Dessa alta mirada,
de onde olhais para a lonjura,
falai-me
do curvado povo
nos arrozais,
do sereno
ofício do sol,
das lendas
que o Tempo,
em seu lento caminhar,
em vós guardou.
Acordai,
pedras,
que em breve partirei.
Levar-vos-ei comigo
como quem leva um verso
ou uma ave
no olhar.
2 comentários:
uma ave no olhar és tu, camarada.
muitos abraços
jorge
Adorei este, caríssimo Xavier!
Um abraço!
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