sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Acordes de Azul (Virtualbooks, 2002)

Acordes de Azul
(e-book, Virtualbooks, Brasil, 2002)
***

Três Poemas


O que me resta é tempo. A areia na garganta
da ampulheta presa. Arte de perder
todo o verso, o poema, a poesia
a memória do canto.

O que me resta é escrever
enquanto tempo tenho para percorrer
os recantos da música que há nas palavras
para te deixar um sonho
somente um sonho
e pouco mais.

***

Observo a memória em metáteses
constantes. De súbito, des-
conheço o vivido. O real
é também fruto de um sonho
de um momento em que as pálpebras
se descerram
como cortinas que indagam
o sol, o misterioso
sol que na alma habita.

***

Onde deitaste o silêncio
a extrema morada
se revela. O ofídio
primordial chama por ti,
reclama a tua presença,
habita o teu sonho, o fogo,
reaberto no teu corpo.

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