***
Três Poemas
O que me resta é tempo. A areia na garganta
da ampulheta presa. Arte de perder
todo o verso, o poema, a poesia
a memória do canto.
O que me resta é escrever
enquanto tempo tenho para percorrer
os recantos da música que há nas palavras
para te deixar um sonho
somente um sonho
e pouco mais.
***
Observo a memória em metáteses
constantes. De súbito, des-
conheço o vivido. O real
é também fruto de um sonho
de um momento em que as pálpebras
se descerram
como cortinas que indagam
o sol, o misterioso
sol que na alma habita.
***
Onde deitaste o silêncio
a extrema morada
se revela. O ofídio
primordial chama por ti,
reclama a tua presença,
habita o teu sonho, o fogo,
reaberto no teu corpo.
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