quarta-feira, 20 de agosto de 2008

[Deitado, o velho sobre a laje fria]

Deitado, o velho sobre a laje fria,
recolhido do vento pelos pi-
lares da igreja, agora fechada, ia
nas asas desse sonho que há em si.

Só lhe restava a espera, o sol nascente,
o gesto caridoso da beata
que uma moeda oferta ao indigente
que a beata fuma porque mata.

Mas o tempo mui lento passa e sente
como a noite é semente umbilical
em que o retorno ao mundo não se adia.

Seu corpo agora é peso de alma ausente
sob a página aberta de um jornal
onde seu nome a negro se escrevia.

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