terça-feira, 23 de dezembro de 2008

[No teu olhar, trazias o vento e as marés]

No teu olhar, trazias o vento e as marés
e a exacta cadência lunar,
exposto brilho em movimento
eterno e terno que acaricia
a quente face do areal
onde o vazio preenche a ausência
em que outrora um batel pronunciava
sede e fome de mar e de infinito.

Das ondas, o infindo azul, o
branco da espuma onde os cavalos
alados do sonho nascem
para atoarem os barcos
sobre o agitado dorso do mar.

No íntimo dos teus olhos, havia utensílios.
Machado, serra, plaina, grosa, lima,
formão, lixa para a faina
das árvores navegantes.
E astrolábio, carta, régua, esquadro,
compasso, cálculo de longitude
e latitude. No teu olhar,
há o momento exacto em que enfunadas
as velas preenchem a linha
do horizonte em silêncio.

Ou somente a distância precisa
medida entre partir e regressar.

Sem comentários: